Camões e Bernardes e … nós próprios! Quantas semelhanças, analogias, paralelismos e contradições, nestes humanos “mundos” e tão naturais! Vidas tão diferentes e tão iguais: rios tão disparos, com a mesma água, as mesmas margens e tão estranhas pontes; sonhos que o vento leva, insónias e emoções, q. b. , genes dos mesmos versos, cinzelados na esfera do Universo. Quantos arroubos, quantas lágrimas e dores, quantas aventuras inacabadas, quantos degredos passados… mas a Obra ficou, fica e sempre ficará, que o tempo que a gera assim o determina! Frassino Machado
Desterro Camoneano, junto ao Tejo |
“Horas breves de meu contentamento”
Bernardes ou Camões assim disseram.
Horas longas de longo sofrimento
quantas mais certamente que tiveram.
Bernardes, só de olhar o Lima em flor,
as lágrimas com água misturava;
Camões rimava amor com outra dor
que o Tejo ao passar sempre deixava.
Algumas horas tenho descontente
ouvindo apenas cânticos de vento
na lira pendurada nos salgueiros.
Da margem vejo a água na corrente
mas não detenho nela o pensamento
pois sei que dor e amor são passageiros.
Bernardes ou Camões assim disseram.
Horas longas de longo sofrimento
quantas mais certamente que tiveram.
Bernardes, só de olhar o Lima em flor,
as lágrimas com água misturava;
Camões rimava amor com outra dor
que o Tejo ao passar sempre deixava.
Algumas horas tenho descontente
ouvindo apenas cânticos de vento
na lira pendurada nos salgueiros.
Da margem vejo a água na corrente
mas não detenho nela o pensamento
pois sei que dor e amor são passageiros.
Abel da Cunha
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