terça-feira, 17 de dezembro de 2013

MAR TRAIÇOEIRO




                                                        Elegia da praia do Meco


Ó mar salgado, ó lágrimas sentidas
Tão perto do sorriso e do prazer,
Mas também para sempre a perverter
O fluxo das marés recrudescidas.

Ó mar zangado de incontidos traços
Que cumpres de Neptuno a vingação
Diz-me o porquê da tua obstinação
Em levares tantas vidas nos teus braços.

Quantos sonhos em ti a baloiçar
Quantas âncoras frágeis destroçadas
E negras telas com tintas de luar…

Mas diz-me lá, ó mar em desencanto,
Quais as razões que tens justificadas
Neste traiçoeiro devorar de espanto?

Onde escondes as vidas inocentes,
Nas tuas marés vivas inesperadas
Ou porque já não vives e não sentes?

Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA