quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

COLUMBA PACIS



Como ave costumeira em cidadela
De larga actividade mercantil
Vagueia indeciso mas gentil
Grisalho pombo, esbelto e sem courela.

Rodopiando a meus pés com fiel cautela,
Num gesto de feição primaveril,
Logrou vencer a fome sempre hostil
Matando-a nesta rara escapadela.

Um pouco do meu pão a contragosto
Deslizou pelo chão em pressuposto
Entrando na garganta deste pombo.

Mil vidas sonharão igual magia
P´ la procura da paz e da harmonia
No carisma que tem este Colombo.

Se houver justa razão em cada dia
Sirva esta Natureza por empatia
Num ganho colectivo em desassombro.

Frassino Machado
In RODAVIVA

BALADA DA SAUDADE



Esta balada que canto
Todo o dia a cada hora
Já se foi de mim embora
Acompanhada de espanto
E enfeitada de encanto.
Foi meu amor visitar
Numa noite de luar
Ficou comigo a saudade
E com ela esta verdade
Que faz Frassino cantar.

Um dia hei-de partir
No abrir da madrugada
Levando ao longo da estrada
Um cajado e um sorrir
P´ ra com todos repartir.
Se meu amor acordar
Ouvirá este cantar
A bater à sua porta
Se não abrir não importa
Irei de novo voltar.

Meu cantar de trovador
Meu gesto, minha canção,
Saiu do meu coração
Para buscar meu amor
E desfazer esta dor.
Cada dia ao renascer
Outra balada a crescer
Será mais uma esperança
Em todo o verso que dança
Nesta forma de viver…

Amor que me tens refém
Neste horizonte perdido
Faz-me encontrar o sentido
Que me leve a minha mãe
Pois não tenho mais ninguém.
E se ouvires a voz do vento
Busca nele algum alento
Acompanhando este fado
Que me traz acorrentado
E para mim é tormento.

Frassino Machado,
In JANELAS DA ALMA

https://facebook.com/pages/tertulia-poetica-ao-encontro-de-bocage/129017903900018