quinta-feira, 25 de abril de 2013

ABRIL SEMPRE


















Saudações e felicitações de Abril
Para todos os cidadãos de boa-fé
E de uma maior Esperança…
Promessas e promessas mais de mil
Atropelos e falsidades, pois é,
P´ ra quando virá a bonança?

As vidas arriscadas e sofridas
Os sonhos arrolados e vencidos
E o Paraíso onde está?
Reformas e reformas já perdidas
E múltiplos ideais desvanecidos:
Abril já foi… ou virá?

Navegam lá na proa os timoneiros,
Mas com os ventos sempre de revés,
Crucial questão: até quando?
Os filhos da Nação, ainda ordeiros,
Como é que aguentarão estas marés
E continuarão sonhando?

Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA

www.frassinomachado.net

QUO VADIS ABRIL?




Depois de tantas ruins encruzilhadas
Depois de um louco sonho primaveril
Depois das duras lutas incendiadas
Onde estás tu, atque, quo vadis Abril?

Depois das vãs promessas apostadas
Depois de juramento tão viril
Depois de tantas leis abalroadas
Onde estás tu, atque, quo vadis Abril?

Tantos sonhos testados e favores,
Tantas fianças e paixões sentidas
P´ ra tudo se perder em desamores…

Já quase quatro décadas vencidas,
Ao sabor de marés multicolores
Com brisas de feição desvanecidas…

Ó Abril, quem te viu e quem te vê,
Ó Lusa Pátria, quem fartou de horrores
A tua Alma, que nem sabe PORQUÊ?

Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA

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A FORÇA DA TERRA




              “Dia Internacional da Terra”

Oiçam o grito desta bela Natureza
Sintam a força ingénua desta Terra
Que não aguenta mais a feroz guerra
Matando-a, dia a dia, em negrume e tristeza.

Cada manhã o sol reveste-a com nobreza
Na música das aves, ao som da serra,
Terna sublimidade que a encerra
Numa aguarela criativa de beleza.

Escorre a água nas ribeiras cristalinas
Dando a frescura a todas as sementes
E a cor da primavera às flores diamantinas.

Ó Terra, ó minha Terra natural,
Traz a perene força ao coração das gentes
Em brisa de perdão conjuntural!

Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA

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terça-feira, 16 de abril de 2013

A VOZ DO SILÊNCIO



                           No “Dia Mundial da Voz”
                           Evocando Teixeira de Pascoaes


Nunca como hoje a Voz é tão determinante
Nesta floresta de ruídos estridentes
Que a aposta ganhadora dos prazeres silentes
Se tornou como opção projecto deslumbrante.

Da paz tranquila os sonhos crescem florescentes
Na eterna busca de um horizonte aliciante
Onde descanse, enfim, o humano viajante
Do vil desgaste que envolve as loucas gentes.

Todos os mares da vida, em múltiplas idades,
´Stão repletos de vãs e cruas tempestades
E os ventos que as tocam são demolidores…

As agressivas vozes são premonitórias
Enchendo a alma humana de crises inglórias
Enquanto do Silêncio a Voz vive de amores.

Ó tu, que o monopólio tens de voz tamanha,
Deixa o troante mar e olha para a montanha
Onde acharás a calma, o silêncio e as flores!

Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA

sábado, 13 de abril de 2013

AOS POETAS CONTEMPORÂNEOS



                                               Acerca do papel da Poesia

1 – Ser ou não ser uma Glosa,
Com muita ou pouca rima
Que possa ter preciosa,
Já conquistou a estima.
Mesmo que alguém a deprima
Não deixa por mãos alheias
Ir a todas as aldeias
Levar como concordata
A tarefa imediata
De mexer com as ideias.

2 – Ser ou não ser um Soneto,
Com ou sem estilo clássico,
Fechando ou não com terceto,
Vem dos idos do jurássico.
Mesmo, por motivo prático,
Ele não sendo ciumento
Torna-se em cada momento
Um éden de emoções
Que arrebata corações
E é porto de sofrimento.

3 – Ser ou não ser uma Ode,
Com este ou aquele formato
Que explica como pode,
É um assunto caricato.
Mas para eu não ser chato
Afirmo esta convicção
De que a sublime questão
Que enriquece a poesia
É assumir primazia
Nos poetas de eleição.

4 – Quadra popular ou não
Ou um dístico perdido
Fica sempre a tradição
De poesia com sentido.
Já agora, por divertido,
Em vista deste epigrama,
Não façamos nenhum drama:
A Poesia é natural
Se for circunstancial
Em todo e qualquer programa.

5 – Há outras formas por certo
De bons poemas escrever
Mas fica isto discreto
P´ ra quem ofício tiver.
Toda a Arte que aprouver,
Para além da qualidade,
Uma alma de liberdade
E um carisma há-de sentir.
Mora aqui neste cantar
Aquela luz a brilhar
Que pode um dia florir!

Frassino Machado
In RODA-VIVA

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quinta-feira, 11 de abril de 2013

BARREIRAS DO SER



                                                                       A uma amiga
De circunstância


Chamaste-me desaparecido
Talvez pela minha ausência
A ausência de ente querido
É do amor a pura essência.

Uma presença constante
Gera sempre vã rutina
Com amizade pujante
É qu´ o amor se determina.

Estar junto a ti sem ´stória
Acabaria esquecido,
Acabrunhado e sem glória.

Antes pois desaparecido,
Mas com certeza em memória,
Eis-me assim reconhecido!

Frassino Machado
In AO CORRER DA PENA

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sexta-feira, 5 de abril de 2013

APRESENTAÇÃO LITERÁRIA - Frassino Machado




Tenho o prazer de informar que acaba de ser publicado – em primeira edição – a obra deste autor, poeta e cantor, que ora se apresenta e se divulga em primeira instância com o nome de MENSAGEIRO CANTANTE.
O seu título original era simplesmente “Cancioneiro” mas, devido à grande profusão de obras com o mesmo nome, não só em Portugal como no estrangeiro, ponderei e optei por substituir este título pelo que agora apresento.
Os textos que o integram, na sua totalidade, destinam-se a serem cantados, a solo ou em grupo, e transmitem mensagens que se pretendem valorizem o sentido da vida e da convivência social, em todas as camadas etárias. Daí o significado do título que ostenta.
É minha intenção editar, em tempo oportuno, uma outra publicação com o mesmo nome em que seja dado realce às partituras musicais.
Desejo que este livro venha a constituir um incentivo e um contributo decisivo para um desejável desanuviamento da convivência entre as pessoas, numa época tão conturbada como a que hoje vivemos.
Para informações acerca da aquisição desta obra aqui deixo expressos os endereços mais aconselháveis. O honorário que proponho integra o custo do envio por correio para o endereço que me for indicado.
Assim passo a aconselhar utilização dos seguintes itens:
- Nome da pessoa em nome de quem deve ser feito o envio;
- Endereço correcto da morada para onde devo enviar;
- Para pedir encomenda: utilizar o endereço de e-mail aqui divulgado.
- Esclarecimentos sobre a Obra e o preço: solicitar pelo envio de mensagem privada, inserta neste “site pessoal”.


INTRODUÇÃO

Esta antologia de canções e de baladas começou a ser organizada na passagem do presente Milénio – já lá vão doze anos a fio – e foi a concretização de um sonho vivido desde a infância.
A sequência de textos foi estruturada de forma cronológica e derivou espontaneamente da evolução experiencial e da localização geográfica da altura. Assim, ao longo da minha vida, estas canções foram compostas no seguimento de eventos socioculturais nos quais eu fui sujeito actuante, quer nascidas da necessidade de tornar estas experiências mais aliciantes e motivadoras quer surgindo como complemento e apoio de actividades didácticas ou pedagógicas ao longo do meu magistério como professor e educador.
        Todos os textos são direccionados para o canto quer a solo ou, preferencialmente, destinadas a solo e coro, e foram compostos, com excepção de cerca de uma dezena deles pertencentes a outros autores, seleccionados para se enquadrarem no contexto desta obra literária e artística tendo obviamente música de minha autoria.
        Como o nome sugere, na base de cada um dos textos, encontra-se implícita uma determinada mensagem, na qual a forma de canto visa dar uma força estética mais profunda e enriquecedora.
Algumas destas canções foram escritas e compostas, tendo em vista a sua inserção em festivais de juventude que, no passado, ajudei a organizar e a dinamizar.
Por outro lado quero referir que, durante vários anos, muitas destas canções foram interpretadas por um grupo de jovens da Escola onde leccionei a disciplina de História, denominado GRUPO BOA ESPERANÇA, que se apresentou a público no âmbito da “Expo 98”, tendo resultado dessa experiência a gravação do CD «El Rei Dom João II».
        Não deixo de destacar, nesta primeira edição, o nome de dois companheiros de jornada que partilharam, desde os seus inícios, estas realizações. Trata-se do poeta Miguel Santos, mais conhecido por Cadavadas, e do insigne professor de filosofia e literatura que foi o Dr. Frei Adelino Pereira, meu mestre de escrita poética, a quem presto homenagem dedicando à sua memória este Mensageiro.

Frassino Machado
Para CONTACTOS :  machadofrassino@gmail.com

quinta-feira, 4 de abril de 2013

OS FARISEUS DA NOVA ERA



- Pela calçada da Cidade deambulavam
Dois preclaros e nobres Juízes do Pretório
E sobre eventos bem recentes dialogavam...

- Os tempos correm mal no seio das famílias,
Não há concórdia acerca de algo meritório
E cada dia nascem mais e mais quezílias.

- Ademais, nos Direitos estamos conversados.
E, na Moral, já lá não vai com homilias...
Pois, na verdade, os actuais tempos ´stão mudados.

- Nas velhas Tradições tudo era mais correcto...
E, enquanto os mais idosos eram respeitados,
Nas sãs Instituições tudo era mui discreto...

- Olhemos, pois, ao que se passa nas escolas:
Cumprir ou não cumprir é justo e sempre certo
E os próprios Mestres consideram-se farsolas.

- Ora, aí está. Faz falta a velha Autoridade
E, enquanto as convivências dão em festarolas,
Toda a vulgar mentira é hoje uma verdade...

- Por falar nisso, vamos ver de nossos Pares.
Já há uns tempos p’ ra cá qu’ os quatro não nos vemos…
Vamos ao Fórum, pois lá temos outros ares!

- Encontraram-se os quatro Juízes no Palácio
Tendo em mãos um Processo ruim pelos seus termos,
Processo delicado, logo em seu prefácio.

- Matéria em causa de violência educativa:
Famosa educadora um miúdo castigou,
Utilizando, assim, medida correctiva.

- A Instância primeira arguiu e decretou,
Contra ela, em feroz lição valorativa,
Uma “pena de Repreensão” que espantou!

- A Tetrarquia mor de Juízes convocada,
Acácio, Bonifácio, Horácio e Pancrácio,
Expôs-se diante desta “pena” reclamada...

- À luz claríssima da humana realidade,
Fez choque com a anterior deliberatio,
Dando razão ao que usou agressividade.

- O juiz Acácio apela para a formação,
O Bonifácio acha justas as palmadas,
Pancrácio e Horácio prestam jus à dura mão.

- Agora, no País, consciências revoltadas
Esqueceram, por certo, o móbil da agressão
Deixando as almas pobres mais fragilizadas.

- Seguiram a estratégia in dubio pro reo,
Não ponderando alternativas mais coerentes,
Que desde sempre qualquer Lei enobreceu.

- Até o Titular da causa destas gentes,
Podendo aproveitar o exemplo que não deu,
Teria limpo, e bem, aquelas velhas mentes...

- Provou a todos que nesta Causa é inocente,
Dando a entender que era do Estado a competência,
Sem castigos de corpo e com olhar clemente.

- Como Pilatos, desta forma, as mãos lavou
Sem banir para sempre a incauta violência
Nada prevendo quantas guerras semeou!?

Frassino Machado
In LIRAS DO MEU CANTO