quinta-feira, 4 de abril de 2013

OS FARISEUS DA NOVA ERA



- Pela calçada da Cidade deambulavam
Dois preclaros e nobres Juízes do Pretório
E sobre eventos bem recentes dialogavam...

- Os tempos correm mal no seio das famílias,
Não há concórdia acerca de algo meritório
E cada dia nascem mais e mais quezílias.

- Ademais, nos Direitos estamos conversados.
E, na Moral, já lá não vai com homilias...
Pois, na verdade, os actuais tempos ´stão mudados.

- Nas velhas Tradições tudo era mais correcto...
E, enquanto os mais idosos eram respeitados,
Nas sãs Instituições tudo era mui discreto...

- Olhemos, pois, ao que se passa nas escolas:
Cumprir ou não cumprir é justo e sempre certo
E os próprios Mestres consideram-se farsolas.

- Ora, aí está. Faz falta a velha Autoridade
E, enquanto as convivências dão em festarolas,
Toda a vulgar mentira é hoje uma verdade...

- Por falar nisso, vamos ver de nossos Pares.
Já há uns tempos p’ ra cá qu’ os quatro não nos vemos…
Vamos ao Fórum, pois lá temos outros ares!

- Encontraram-se os quatro Juízes no Palácio
Tendo em mãos um Processo ruim pelos seus termos,
Processo delicado, logo em seu prefácio.

- Matéria em causa de violência educativa:
Famosa educadora um miúdo castigou,
Utilizando, assim, medida correctiva.

- A Instância primeira arguiu e decretou,
Contra ela, em feroz lição valorativa,
Uma “pena de Repreensão” que espantou!

- A Tetrarquia mor de Juízes convocada,
Acácio, Bonifácio, Horácio e Pancrácio,
Expôs-se diante desta “pena” reclamada...

- À luz claríssima da humana realidade,
Fez choque com a anterior deliberatio,
Dando razão ao que usou agressividade.

- O juiz Acácio apela para a formação,
O Bonifácio acha justas as palmadas,
Pancrácio e Horácio prestam jus à dura mão.

- Agora, no País, consciências revoltadas
Esqueceram, por certo, o móbil da agressão
Deixando as almas pobres mais fragilizadas.

- Seguiram a estratégia in dubio pro reo,
Não ponderando alternativas mais coerentes,
Que desde sempre qualquer Lei enobreceu.

- Até o Titular da causa destas gentes,
Podendo aproveitar o exemplo que não deu,
Teria limpo, e bem, aquelas velhas mentes...

- Provou a todos que nesta Causa é inocente,
Dando a entender que era do Estado a competência,
Sem castigos de corpo e com olhar clemente.

- Como Pilatos, desta forma, as mãos lavou
Sem banir para sempre a incauta violência
Nada prevendo quantas guerras semeou!?

Frassino Machado
In LIRAS DO MEU CANTO

1 comentário:

Frassino Machado disse...

De "boas intenções" estão os tribunais cheios ou, como diz o povo: "ó Abreu, dá cá o meu"! Frassino Machado