terça-feira, 17 de março de 2015

POESIA E CULTURA POÉTICA




                  













"Premonição ao Dia Mundial da Poesia”


Nas Lusas Letras há quem escreva poesia
De forma disfarçada ou mesmo envergonhada,
Um complexo talvez ou, quem sabe, cortesia
Co´ a moda consumista dita de vanguarda.

Escrever bem é navegar no vanguardismo
E vestindo as roupagens do “também alinho”
Garantirá estatuto, estilo e preciosismo
Com toda a pompa, circunstância e burburinho.

Poesia, como Poesia, nem é bom pensar,
Ser versos, como Versos, parece ficção,
Mesmo podendo acontecer, se alguém lucrar,
O conseguir que as Letras virem animação.

Animação da arcaica árvore das patacas
A qual, ao agitar-se, resulta em proveito
Mas contudo, se ali faltarem as estacas,
Ficará de imediato um vazio por defeito.

Na nossa tradição abundam os bons poetas
Todavia ninguém os lê nem os ensina,
Que as suas liras, dizem, já estão obsoletas
E começa de se inventar outra doutrina.

Digam por aí aos quatro ventos noite e dia,
Bastando dar sentido e agrado aos torcedores,
Se houver letras e livros haverá poesia
Se não houver quem leia inventem-se leitores.

É fino que se escrevam livros pra mercado,
Mesmo com manigâncias e a fazer de conta,
Quanto ao conteúdo se é ou não adequado
Para a Cultura o dano é de pouca monta…

Ó Poesia, quem já te viu e quem te vê,
Nunca como hoje tantos livros se escreveram
Mas nunca como hoje falta quem os lê
Porque a paixão por ti e o brio se perderam.

Importam-se polémicas e ortografias,
Inventam-se outras modas mas sem consistência,
E vestem-se roupagens - falsas sinergias -
Arte e Poesia (?), tenham lá todos paciência.

Para haver boas Letras deve-se resistir
À onda vanguardista de razia estética
E na virtude da Tradição reconstruir
A alma da Poesia e da Cultura Poética. 

Dizem que há Ministérios, técnicos de cultura,
Dizem que agora, sim, já temos condições
Mas só se vê, por todo o lado e com fartura
Negócios, farsas, compadrios aos milhões.

Dia Mundial da Poesia – Convenções –
Que faria, ó poetas, se não o houvera?
Quem sabe, acabariam todas as canções
E não voltaria mais a fresca Primavera! 

Frassino Machado
In ODIRONIAS


domingo, 15 de março de 2015

TRIBUNA DOS POETAS



No mais alto desta Tribuna
Nova Poética me acalenta
Numa colheita de fortuna
Que a todo o amante sustenta.

Abri caminhos e veredas
Pelos campos assoreados
Rasguei horizontes e trevas
Com meus poemas laureados.

Fiz jangadas pra navegar
Arrostei perigos sem fim
Não tive medo de naufragar
Pelo menos dentro de mim.

Imensas marés confrontei
Contra piratas e corsários
Com a minha energia enfrentei
Os ventos agrestes contrários.

Se apenas um verso incomoda
Quando é escrito com emoção
Milhares de versos serão boda
Para uma estranha indigestão.

Nunca fui Virgílio ou Camões
E nunca fiz sombra a Bocage
Não pretenderei dar lições
Mas ser uma Arte que interage.

Nem a Pessoa, nem a Sena,
Meu estro singelo comparo
Cada poeta co´ a própria pena
Traçará seu arco bem claro.

Farei Tribuna, farei ponte,
Com a minha voz audaciosa
Não aceito quem m´ amedronte
Por uma vil saga engenhosa.

Meus versos serão sementeira
Num louco sonho de maravilha
Quero cantar a vida inteira
E com todos fazer partilha.

Com minha pena e minha lira
Sinto que a alma se incendeia
Nesta tarefa que transpira
Por toda a luz que me rodeia.

Ó poeta, tu que és meu irmão
E sentes a mesma coragem,
Não me faltes co´ a tua mão
E parte comigo em Viagem!


Frassino Machado
In ODISSEIA DA ALMA


MULHER DESTINO


Mulher – quem e o que sou Eu afinal?
Só sei que todo o mundo me requer
Mas sei que sou igual ao malmequer
Pois todos me desfolham, bem ou mal…

P´ ra tudo eu sei que sou a solução
Quando há interesses à flor-da-pele:
Enquanto agrado tenho sabor a mel
Mas, se não presto, sou a rejeição.    

Sou dura de roer, ou até cristal,
Se justas qualidades eu tiver,
Mas viro descartável onde estiver
Devido ao meu Destino que é viral.

Eu tenho para mim uma ambição:
Partilhar por igual este Vergel
Onde o homem cavalga em corcel
E onde a noite invade o coração.

Eu Mulher, que a minha alma revelei,
Juro que pelo meu Sonho lutarei!

Frassino Machado
In ODISSEIA DA ALMA


MULHER ENIGMA


                   No “Dia Internacional da Mulher”

Último gesto das obras da Criação
Sublime e universal estrela mensageira
Paradigma fiel, modelo de perfeição
E princípio de Vida, por isso derradeira.

Eis a Mulher, por quem todos têm ambição,
E a quem se reconhece tarefa pioneira;
Eis a Mulher, na sua existencial missão
Tão perto de ser livre como prisioneira…

Mulher, que Ser és tu e qual o teu mistério,
Tu que és Senhora do teu tempo e magistério
Na saga de um Destino que não é quimera? 

À tua volta há flores, e há rosas com espinhos,
Mas há sorrisos e há lágrimas e carinhos,
Há verão, há outono, inverno e primavera.

Tu és aquele Ser que em tudo se reparte,
Naquele estranho Enigma com engenho e arte
Que, mesmo que ausente, todo o mundo espera!

Frassino Machado
In ODISSEIA DA ALMA


quarta-feira, 11 de março de 2015

MULHER, SENHORA DA VIDA



                 
“Homenagem às vítimas da violência”


Tu, ó mulher, que vieste ao mundo criança
Por entre flores coloridas, perfumadas
E repletas de uma abençoada esperança,
És obra-prima entre as obras bem-criadas.

Tu, ó mulher, tornaste-te força adolescente
Cheia de viço numa dança acolhedora
E com a força daquele sonho efervescente
Brilhas em cada dia em aura imorredoira.

Tu, ó mulher, que assumiste a fé e a ventura
De seres aquela mãe – vontade consentida –
Entre as lágrimas do sorrir e da ternura
Olhando o fruto da semente renascida…

Tu por fim, ó mulher, que aguentas a labuta
De seres raiz, de seres esteio e moradia
Dos ninhos e dos sonhos voando na disputa
De um horizonte feito azul em harmonia.

Tu, ó mulher, que na vida és ambicionada
Tal qual troféu jogado em mera sedução,
Porque razão tens sido agora amachucada,  
Feita em farrapos, sem direitos e condição?  

Se é tua a Vida e tens nas mãos o teu destino,
Quem ora te ousa segregar ou violentar?
Quem para ti se faz tirano e ruim cretino
Na desumana guerra pra te escravizar?

P´ la tua saga - de momento pervertida -
Serás sempre, ó mulher, a Senhora da Vida!

Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA

www.frassinomachado.net
www.opcaopoetica.blogspot.com
http://facebook.com/frassinom

segunda-feira, 2 de março de 2015

SER AMIGO













Nunca tanto como hoje se fala de amigo
Em todo e qualquer canto ou simples avenida
E nunca tão escassa tem sido nesta Vida
A amizade de Alguém que faça de abrigo.

Nos sinuosos caminhos de qualquer mendigo,
Que sente a própria realidade pervertida,
Ou até de qualquer ricaço sem guarida,
A amizade resguarda sempre do perigo…

Qual interesse ou paixão ou até mesmo amor?
Os amigos da onça, de Peniche ou do alheio,
Que sabem eles do que é belo ou do qu´ é feio?

Ser AMIGO, sem mais, é o maior valor
Que qualquer ser humano neste Mundo tem
Preenchendo o vazio que dele lhe advém… 

Ser AMIGO é sentir o fogo que arde por dentro
Quando um Abraço acontece a qualquer momento!

Frassino Machado
In ODISSEIA DA ALMA