terça-feira, 17 de dezembro de 2013

MAR TRAIÇOEIRO




                                                        Elegia da praia do Meco


Ó mar salgado, ó lágrimas sentidas
Tão perto do sorriso e do prazer,
Mas também para sempre a perverter
O fluxo das marés recrudescidas.

Ó mar zangado de incontidos traços
Que cumpres de Neptuno a vingação
Diz-me o porquê da tua obstinação
Em levares tantas vidas nos teus braços.

Quantos sonhos em ti a baloiçar
Quantas âncoras frágeis destroçadas
E negras telas com tintas de luar…

Mas diz-me lá, ó mar em desencanto,
Quais as razões que tens justificadas
Neste traiçoeiro devorar de espanto?

Onde escondes as vidas inocentes,
Nas tuas marés vivas inesperadas
Ou porque já não vives e não sentes?

Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA


quinta-feira, 18 de julho de 2013

"MENSAGEIRO CANTANTE" EM ITÁLIA


IL CONVIVIO – ACCADEMIA INTERNAZIONALE
Revista Italiana de Arte e Cultura – Ano XIV
Poesia in Portoghese
Frassino Machado
“Mensageiro Cantante”
A cura di Angelo Manitta

Frassino Machado, un poeta portoguese molto attivo, in questa recente raccolta di poesie, Mensageiro Cantante (Ed. Lisboa, 2013, pp. 148), manifesta la sua profonda emozione umana, mirando ad alti i deali, sapendo volgere gli occhi anche ad elementi naturali e soprattutto ai suoi sentimenti. L´ amore, la pace e la felicità sono ideali significativi e interessanti, che riescono a produrre nell´ autore una profonda trepidazione che viene trasmessa al lettore. Ma è la speranza, che sempre conduce alla felicità e alle quiete, l´ espressione simbolo di questo suo modo di vedere la vita, come si legge nella poesie “Esperança”, dove afferma che bisogna sempre sperare che il sole ogni giorno ci porti una nuova luce di amore, di unione, di forza per poter continuare a lottare, a vincere e ad amare. Il suo cuore è in viaggio, perennemente in viaggio e va alla ricerca  dell´ amore. Attraverso un linguaggio lineare, ma profondo il poeta riesce a coinvolgere il lettore e a lasciarlo naufragare nelle sue emozioni. L´ antologia poética si rapporta all´ infanzia, come egli stesso afferma nell´ introduzione:
«Esta antologia de canções e de baladas começou a ser organizada na passagem do presente Milénio – já lá vão doze anos a fio – e foi a concretização de um sonho vivido desde a infância.
A sequência de textos foi estruturada de forma cronológica e derivou espontaneamente da evolução experiencial e da localização geográfica da altura. Assim, ao longo da minha vida, estas canções foram compostas no seguimento de eventos socioculturais nos quais eu fui sujeito actuante, quer nascidas da necessidade de tornar estas experiências mais aliciantes e motivadoras quer surgindo como complemento e apoio de actividades didácticas ou pedagógicas ao longo do meu magistério como professor e educador». Ma leggiamo una sua lírica:

MEU CANTAR

Como as noites silentes
As estrelas fulgentes
Vão seguindo o destino
Sem fim…
Como os barcos no mar
Também eu vou buscar
Novos rumos que há dentro
De mim.
Meu cantar será como as estrelas
Como as noites silentes
Como a onda no mar se desfaz…
Meu cantar é a vida dos homens
O sonho das crianças
Neste tempo de guerra e de paz!

Meu cantar, oh, oh, oh,
Meu cantar, oh, oh, oh,
É o mundo que sorri
É o mundo que sorri.
Meu cantar, oh, oh, oh,
Meu cantar, oh, oh, oh,
É também para ti
É também para ti.

Como essas mães que vão
Num aceno de mão
Despedir-se dos filhos
No cais…
Também eu num adeus
Me despeço dos meus
Procurando ajudar
Os demais.

Meu cantar, oh, oh, oh,
Meu cantar, oh, oh, oh,
É o mundo que sorri
É o mundo que sorri.
Meu cantar, oh, oh, oh,
Meu cantar, oh, oh, oh,
É também para ti
É também para ti.


IL MIO CANTO

        A cura di Angelo Manitta

Come le notti silenti
Le stelle splendenti
Che seguono il destino
Senza fine…
Come le barche nell mare
Anche io cercherò
Nuove rotte sono dentro
Di me.

Il mio canto sarà come le stelle
Come le notti silenti
Come l´ onda nell mare si disfa…
Il mio canto è la vita degli uomini
Il sono dei bambini
In questo tempo di guerra e di pace.
Il mio canto, oh, oh, oh,
Il mio canto, oh, oh, oh,
È il mondo che ha sorriso
È il mondo che há sorriso.
Il mio canto, oh, oh, oh,
Il mio canto, oh, oh, oh,
È anche per te
È anche per te!

Come quele madri che stanno
Com un cenno di mano
Per congedare dei figli
Sulla banchina…
Anche io in un ciao
Mi congedo dai miei
Tentando di aiutare
Gli altri.

Il mio canto, oh, oh, oh,
Il mio canto, oh, oh, oh,
È il mondo che ha sorriso
È il mondo che há sorriso.
Il mio canto, oh, oh, oh,
Il mio canto, oh, oh, oh,
È anche per te
È anche per te!

Frassino Machado
In MENSAGEIRO CANTANTE


Contactos de IL CONVIVIO:





sábado, 22 de junho de 2013

ANTERO, CRISTO E BONAPARTE


                                       “Vida humana e finitude”

Em toda a arte da existência humana
Do louco caminhar do génio humano
Há passos de sucesso e desengano
Numa vida perene e soberana.

Antero, Cristo e mesmo Bonaparte
Por entre sonhos vãos e de virtude
Geraram em si próprios finitude
Num reinado de sombras em descarte.

O poeta Antero, por tragédia Santo,
No Nazareno em aura delirante 
Fez do Corso invencível desencanto…

Nesta lira Anteriana esfusiante
Vê-se Cristiana luz tornada espanto
Como a de Santa Helena suplicante.

Antero e Cristo e mesmo Bonaparte-
Qual tríade de heróis determinante-
No Ocidente foram uma obra de Arte!

Frassino Machado
In RODA-VIVA


sexta-feira, 10 de maio de 2013

A FESTA DA ESPIGA

















As flores do campo tão formosas e prazenteiras 
Vi-as passar nas ruas de mão em mão 
E, atadas com sorrisos de Verão, 
Vendidas eram com carinhos de mil maneiras.

Num dia de calor com vagas de Suão 
Vão passando as espigas em bandeiras 
De amor primaveril e brincadeiras 
Trazendo aroma d’ amizade ao coração.

As crianças não conhecendo a Natureza 
Não podem apreciar a indígena beleza 
E o campo faz paragem na cidade...

Acontece o milagre suavemente – 
Que a Natureza mexe em toda a gente – 
Fazendo que a Esperança nunca perca a idade!

Frassino Machado

quinta-feira, 25 de abril de 2013

ABRIL SEMPRE


















Saudações e felicitações de Abril
Para todos os cidadãos de boa-fé
E de uma maior Esperança…
Promessas e promessas mais de mil
Atropelos e falsidades, pois é,
P´ ra quando virá a bonança?

As vidas arriscadas e sofridas
Os sonhos arrolados e vencidos
E o Paraíso onde está?
Reformas e reformas já perdidas
E múltiplos ideais desvanecidos:
Abril já foi… ou virá?

Navegam lá na proa os timoneiros,
Mas com os ventos sempre de revés,
Crucial questão: até quando?
Os filhos da Nação, ainda ordeiros,
Como é que aguentarão estas marés
E continuarão sonhando?

Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA

www.frassinomachado.net

QUO VADIS ABRIL?




Depois de tantas ruins encruzilhadas
Depois de um louco sonho primaveril
Depois das duras lutas incendiadas
Onde estás tu, atque, quo vadis Abril?

Depois das vãs promessas apostadas
Depois de juramento tão viril
Depois de tantas leis abalroadas
Onde estás tu, atque, quo vadis Abril?

Tantos sonhos testados e favores,
Tantas fianças e paixões sentidas
P´ ra tudo se perder em desamores…

Já quase quatro décadas vencidas,
Ao sabor de marés multicolores
Com brisas de feição desvanecidas…

Ó Abril, quem te viu e quem te vê,
Ó Lusa Pátria, quem fartou de horrores
A tua Alma, que nem sabe PORQUÊ?

Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA

https://facebook.com/pages/tertulia-poetica-ao-encontro-de-bocage/129017903900018

A FORÇA DA TERRA




              “Dia Internacional da Terra”

Oiçam o grito desta bela Natureza
Sintam a força ingénua desta Terra
Que não aguenta mais a feroz guerra
Matando-a, dia a dia, em negrume e tristeza.

Cada manhã o sol reveste-a com nobreza
Na música das aves, ao som da serra,
Terna sublimidade que a encerra
Numa aguarela criativa de beleza.

Escorre a água nas ribeiras cristalinas
Dando a frescura a todas as sementes
E a cor da primavera às flores diamantinas.

Ó Terra, ó minha Terra natural,
Traz a perene força ao coração das gentes
Em brisa de perdão conjuntural!

Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA

https://facebook.com/pages/tertulia-poetica-ao-encontro-de-bocage/129017903900018

terça-feira, 16 de abril de 2013

A VOZ DO SILÊNCIO



                           No “Dia Mundial da Voz”
                           Evocando Teixeira de Pascoaes


Nunca como hoje a Voz é tão determinante
Nesta floresta de ruídos estridentes
Que a aposta ganhadora dos prazeres silentes
Se tornou como opção projecto deslumbrante.

Da paz tranquila os sonhos crescem florescentes
Na eterna busca de um horizonte aliciante
Onde descanse, enfim, o humano viajante
Do vil desgaste que envolve as loucas gentes.

Todos os mares da vida, em múltiplas idades,
´Stão repletos de vãs e cruas tempestades
E os ventos que as tocam são demolidores…

As agressivas vozes são premonitórias
Enchendo a alma humana de crises inglórias
Enquanto do Silêncio a Voz vive de amores.

Ó tu, que o monopólio tens de voz tamanha,
Deixa o troante mar e olha para a montanha
Onde acharás a calma, o silêncio e as flores!

Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA

sábado, 13 de abril de 2013

AOS POETAS CONTEMPORÂNEOS



                                               Acerca do papel da Poesia

1 – Ser ou não ser uma Glosa,
Com muita ou pouca rima
Que possa ter preciosa,
Já conquistou a estima.
Mesmo que alguém a deprima
Não deixa por mãos alheias
Ir a todas as aldeias
Levar como concordata
A tarefa imediata
De mexer com as ideias.

2 – Ser ou não ser um Soneto,
Com ou sem estilo clássico,
Fechando ou não com terceto,
Vem dos idos do jurássico.
Mesmo, por motivo prático,
Ele não sendo ciumento
Torna-se em cada momento
Um éden de emoções
Que arrebata corações
E é porto de sofrimento.

3 – Ser ou não ser uma Ode,
Com este ou aquele formato
Que explica como pode,
É um assunto caricato.
Mas para eu não ser chato
Afirmo esta convicção
De que a sublime questão
Que enriquece a poesia
É assumir primazia
Nos poetas de eleição.

4 – Quadra popular ou não
Ou um dístico perdido
Fica sempre a tradição
De poesia com sentido.
Já agora, por divertido,
Em vista deste epigrama,
Não façamos nenhum drama:
A Poesia é natural
Se for circunstancial
Em todo e qualquer programa.

5 – Há outras formas por certo
De bons poemas escrever
Mas fica isto discreto
P´ ra quem ofício tiver.
Toda a Arte que aprouver,
Para além da qualidade,
Uma alma de liberdade
E um carisma há-de sentir.
Mora aqui neste cantar
Aquela luz a brilhar
Que pode um dia florir!

Frassino Machado
In RODA-VIVA

https://facebook.com/pages/tertulia-poetica-ao-encontro-de-bocage/129017903900018