terça-feira, 28 de agosto de 2012

ISTO É QUE VAI UMA CRISE!



Sporting, 0 X Rio Ave, 1

Ao Leão com triste sina,
Boa sorte ou má que tenha,
Com tal Ave de rapina
Não há mal que lhe não venha.

Por mais receita ou lição
Que seu mister determina
Não há quem dê solução
Ao Leão com triste sina.

Por vezes até acerta
E o sucesso se desenha
Mas outro azar o aperta
Boa sorte ou má que tenha.

Apesar de grande alarde,
De barrete e de batina,
Logo perde em Alvalade
Com tal Ave de rapina.

Já descobriu a Torcida
Qu´ a equipa não desempenha,
Com este Leão sem saída
Não há mal que lhe não venha.

A Equipa está muito forte
Preparada para a Crise
O que nos falta é a sorte
P´ ra vencer mais um deslize.

Venham todos, quantos são?
Nem se ponham pr´ ai a rir,
Não brinquem com este Leão
Que o Sucesso há-de vir!

Frassino Machado
In GLOSAS & BANDARILHAS

https://facebook.com/pages/tertulia-poetica-ao-contro-de-bocage/129017903900018

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

O DIABO À SOLTA



Quando algum mal vai e volta
Não se sabendo a razão
Diz-se que o diabo anda à solta
E já não há salvação.

Toda a terra tem sua lenda
De faceta um pouco torta
Em cada caco sua venda
Quando algum mal vai e volta.

Sabendo que por natureza
Não há bela sem senão
Existe sempre a incerteza
Não se sabendo a razão.

Por mais que se busque o bem
Há sempre defeito à volta
Para não se culpar ninguém
Diz-se que o diabo anda à solta.

E toda a trama acontece,
Burla, crime, exploração,
Ter lata só fortalece
E já não há salvação.

No dia de São Bartolomeu
Anda à solta o velho diabo
Como hoje nunca aconteceu
Ser tão certo este ditado.

É o diabo, sim, é o diabo,
Surgir a cada momento
Um buraco a fazer estrago
E ninguém dar travamento.

Frassino Machado
In GLOSAS & BANDARILHAS

sábado, 25 de agosto de 2012

POETA VIMARANENSE - Abel da Cunha


         
                              Cordyline australis

        A UMA FITEIRA

Se pudesse amainava a ventania
que rasga as folhas largas da fiteira.
Plantada junto ao muro resistia
sem se vergar ao tempo altaneira.

Árvore mãe de todos os cansaços!
No tronco aberto, velho e carcomido,
guarda alviões, sacholas e engaços,
e utensílios que não têm servido.

Não morrerá talvez. Já tem rebentos
ao derredor com fitas renascidas.
Crianças dançam nos seus dias lentos
e brincam pela água divertidas.

Ao sol do meio-dia voam pombas
deixando sobre a terra leves sombras.


Abel da Cunha
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sábado, 18 de agosto de 2012

O MASSACRE DE MARIKANA


~
Marikana, 16 - 08 - 2012

Existem tantos crimes contra a Humanidade
Que os poderosos teimam em não aceitar,
Verão assim tão quente para recordar
Tristes e insanos gestos de fatalidade.

Prata, ouro, platina e muita qualidade
Toneladas de força humana a latejar,
Que nem as máquinas conseguem calcular,
Banindo frágeis sonhos com barbaridade.

A força da metralha injusta e desumana
Calou o grito derradeiro e lancinante
Matando a alma livre de imaginação…

Meio cento de mortos por trinta dinheiros
É este o preço dos fatais pantomineiros
Dos quais já meio mundo fez condenação.

……

Ó Lei civil, ó farsa Lei dos vis Tiranos,
Onde está dos Direitos a Constituição?
Qual a diferença entre as feras e os humanos?


Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

A NAU DOS CORVOS



                      No Cabo Carvoeiro

Em frente via o grande mar salgado
e nas marés a força do destino;
a vara que trazia do caminho
não florescia mais naquele Cabo.

O mar não foi aberto nem fechado
ao estender o braço peregrino;
abandonado e sem sinal divino
pousei no chão inerte o meu cajado.

De pés e mãos cravado num rochedo
ou numa cruz de pedra enegrecida,
que barco levaria longe o medo ?

E as ondas agitadas, numerosas,
batendo na aventura ali perdida,
lançavam pelo ar espuma e rosas.

Abel da Cunha

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O FALCÃO PEREGRINO




“Príncipe da Arrábida”

Jovial coração, em plena liberdade,
Ousado espírito refeito em asas francas
Anelando encontrar de novo a eternidade
Onde se instala o sonho entre nuvens brancas.

António, de seu nome, um moinho construiu
Num doce asilo em Serra-mestra de eleição,
Ternurento projecto de sublimação
Oposto a este mundo vil que já caiu.
Numa encosta altaneira sempre esverdeada
Inebriando um horizonte que lhe sorriu
Onde renasce o sol na frágil madrugada. 

Desperta hora a hora um harmonioso hino
Esvoaçante espiral de falcão-peregrino.

Aos sonhos dá guarida em sua moradia
Limpando as duras leivas dos trigais maduros,
Canta pelas veredas trovas e poesias
Ao ritmo da energia em suaves sons futuros.
Ribeiros de prazer, quais fontes de ternura,
A flamejante luz da branca claridade,
Viajam numa torrente d’ água sempre pura
Embalados na fina crença e na verdade.
Liberta, desta forma, em firme singeleza, 
A recriada Paz dos dons da Natureza!

Frassino Machado
In MUSA VIAJANTE

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