sábado, 15 de fevereiro de 2014

A VOZ DO SILÊNCIO



                                “Aos faroleiros
                                 da Berlenga”

Vigilantes do fim ali plantados
Olhando a terra, olhando o mar além,
Voz do silêncio e alma redobrados
Na música do vento que vai e vem.

Passam as horas, dias renovados,
Há horizontes vistos por ninguém
Gaivotas gémeas, corvos desgastados,
E de noite o clarão luzindo bem.

O Jacinto me disse que as gaivotas
Largavam a sua voz naquela praia
Sondando a imensidão medindo as rotas
Brancas penas em asas de cambraia…

Toda a noite o silêncio uiva, o mar ecoa,
Na memória faroleira a navegar
Qual estranha loucura que ressoa.

Porto de abrigo, náufragos que foram,
Esperanças e promessas que demoram!


Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA


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