HOMENAGEM DO POETA ABEL DA CUNHA
Raúl Brandão – Pintura de
Columbano
"Compreendi que a ternura
é o melhor da vida.
O resto não vale nada."
in O Silêncio e o Lume
Persiste na memória a sombra clara
de um vulto antigo bem familiar
a remoer um sonho uma palavra
que transformava em arte ao pé do lar.
Ia do Alto à Beira num instante
pelos atalhos que encurtavam passos.
Abria-se o portal e o bom gigante
alçava a pequenina nos seus braços.
Não te encontrei. De minha mãe ouvi
que sempre transbordavas de ternura
como a água do mar na Cantareira.
Depois mais tarde lendo percebi
no silêncio e no lume da escritura
que um génio errante andou por Nespereira.
Abel da Cunha
Casa da Beira, Junho de 2012
1 comentário:
Tão justa quanto merecida esta singela e, ao mesmo tempo, ilustre homenagem ao prosador-poeta da Casa do Alto RAÚL BRANDÃO!
Recordo as inúmeras manhãs, e às vezes tardes, que acompanhei à Casa do Alto a culta e bondosa viúva deste lídimo vulto da Literatura Lusa. Ali tomei muitas vezes o pequeno almoço substancial e carinhoso, seguindo-se depois a minha colaboração em "arrumar" os preciosos papéis saídos da preciosa pena do escritor. Foi esta vivência um dos maiores legados da minha paixão pelas Letras.
Frassino Machado
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