quinta-feira, 28 de junho de 2012

A RAÚL BRANDÃO


HOMENAGEM DO POETA ABEL DA CUNHA

Raúl Brandão – Pintura de Columbano

                         "Compreendi que a ternura
                           é o melhor da vida.
                           O resto não vale nada."
                           in O Silêncio e o Lume

 

Persiste na memória a sombra clara
de um vulto antigo bem familiar
a remoer um sonho uma palavra
que transformava em arte ao pé do lar.

Ia do Alto à Beira num instante
pelos atalhos que encurtavam passos.
Abria-se o portal e o bom gigante
alçava a pequenina nos seus braços.

Não te encontrei. De minha mãe ouvi
que sempre transbordavas de ternura
como a água do mar na Cantareira.

Depois mais tarde lendo percebi
no silêncio e no lume da escritura
que um génio errante andou por Nespereira.

Abel da Cunha
Casa da Beira, Junho de 2012


1 comentário:

Frassino Machado disse...

Tão justa quanto merecida esta singela e, ao mesmo tempo, ilustre homenagem ao prosador-poeta da Casa do Alto RAÚL BRANDÃO!
Recordo as inúmeras manhãs, e às vezes tardes, que acompanhei à Casa do Alto a culta e bondosa viúva deste lídimo vulto da Literatura Lusa. Ali tomei muitas vezes o pequeno almoço substancial e carinhoso, seguindo-se depois a minha colaboração em "arrumar" os preciosos papéis saídos da preciosa pena do escritor. Foi esta vivência um dos maiores legados da minha paixão pelas Letras.
Frassino Machado