domingo, 13 de novembro de 2011

ACRÓSTICO


Luiz de Camoes - Príncipe dos poetas Lusos

ACRÓSTICO

Composição em estilo poético que é disposta de maneira que as letras iniciais de cada verso, colocadas na vertical, formem um nome, um ideia ou uma frase. Também é comum o aparecimento desta verticalidade, quer no fim ou, mais usual, no meio dos próprios versos, forma apelidada de mesóstico.
Foi praticado desde os tempos mais remotos da Antiguidade tanto por escritores Gregos como Latinos e durante a Idade Média pelos clérigos das Catedrais. O uso dos acrósticos atingiu tal euforia durante o período Barroco que chegou a ser considerada uma forma degenerativa da arte poética. Hoje em dia é fácil encontrar ainda o acróstico disseminado em livros, jornais, revistas e puzzles letrais, por vezes apenas com o objectivo de chamar a atenção para qualquer mera circunstância depreciativa ou então, mais raramente, com o intuito de sublinhar um alto valor artístico, estratégia apenas ao alcance dos eleitos.
Genericamente considera-se que o acróstico pode englobar três funções: a) a procura de um virtuosismo próprio das lides poéticas; b) o vincar de um carácter lúdico que designa todo um jogo de sofisticação literária; c) a procura de uma certa atracção e gosto pela magia e secretismo.
Em  Portugal, nomeadamente no século XVI, esteve esta forma poética muito em voga seguindo, de resto, a tendência europeia maneirista. Ficou célebre o famoso acróstico do soneto de Camões “Vencido está de amor meu pensamento”.

                       Vencido está de amor meu pensamento,
                       O mais que pode ser vencida a vida,
                       Sujeita a vos servir e instituída,
                       Oferecendo tudo a vosso intento.
                          
                       Contente deste bem, louva o momento
                       Ou hora em que se viu tão bem perdida;
                       Mil vezes desejando a tal ferida,
                       Outra vez renovar seu perdimento.

                       Com esta pretensão está segura
                       A causa que me guia nesta empresa.
                       Tão sobrenatural, honrosa e alta,
                       Jurando não seguir outra ventura,
                       Votando só para vós rara firmeza,
                       Ou ser no vosso amor achado em falta.


                                 Luis Vaz de Camoes,
         Lírica, Soneto CCIX

*
  
TEU NOME - MINHA GUERRA

N os cinco cantos da Terra
o teu NOME eu cantarei
esta será a minha guerra
que, podes crer, vencerei.

E m qualquer parte onde for
toda a tristeza s’ encerra
meu prazer será maior
nos cinco cantos da Terra.

L evo comigo meu sonho
pois assim feliz serei
mas para isso, proponho,
o teu nome eu cantarei.

I mporta ter emoção
e grande amor, quem me dera,
ter-te no meu coração
esta será a minha guerra.

M usa minha, com verdade,
à Natureza honrarei
venham todos com fealdade
que, podes crer, vencerei! 


Frassino Machado
In O RENASCER DA AURORA

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